sexta-feira, 4 de abril de 2008

SHOW! SHOW! SHOW! SHOW! SHOW!


Bob Dylan, Iron Maiden, Ozzy, faz-me rir! A melhor notícia do ano no que diz respeito a show de rock em São Paulo no ano de 2008 é o SHOW DO HARPPIA, na Virada Cultural, às 23h30 do dia 26 de abril!

Local: Praça da República

Neste ano, o tradicional Palco do Rock ganhou mais diversidade e promete agradar a todos os fãs do velho e bom Rock’n’roll. Do progressivo de O Terço e Casa das Máquinas à versatilidade de Arnaldo e Lobão, do bom humor do Ultraje a Rigor, que executa na íntegra seu clássico disco Nós Vamos Invadir Sua Praia, aos músicos de Volcano e Korzus, passando pela lenda viva do Metal, Paul Di’Anno, que interpretará seu histórico Killers da época em que fazia parte da banda Iron Maiden.

* 18h00 - O Terço
* 20h00 - Terreno Baldio
* 21h30 - Casa De Máquinas
* 23h30 - Harppia
* 01h00 - Paul Di’Anno _ Killers (1981)
* 03h00 - Derrick Green, Andreas Kisser e Convidados
* 04h30 - Overdose
* 06h00 - Volcano
* 07h30 - Vodu
* 09h00 - Korzus
* 10h30 - Bando do Velho Jack
* 11h45 - Los Goiales All Stars
* 12h00 - Cachorro Grande
* 14h00 - Arnaldo Antunes
* 16h00 - Lobão
* 18h00 - Ultraje a Rigor - Nós Vamos Invadir Sua Praia (1981)

Vamos lá! Cantar "Eles são sete, sete eles são", com o Percy! Vamos todos prestigiar o Harppia!

quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

And the winner is..

Besta Furiosa, com 5 votos, ou 55% do total. Confesso que votei nela. Uma besta já é perigosa, furiosa, então, nem se fala.

Em 2o lugar, com 2 votos, ficou nossa querida Figura Indecente.

Empatados em 3o lugar, Arauto da Pestilência e Grande Leopardo.

Aliás, Arauto da Pestilência é um excelente nome para um condomínio fechado.

- Onde você mora?

- No Arauto da Pestilência.

- Oh! O cara tem grana...

sábado, 19 de janeiro de 2008

Má educação

Ei, você alguma vez já parou para pensar em como pequenos detalhes fazem uma grande diferença? Por exemplo, se em vez de ter sido escrita na 3a pessoa do singular, a letra de Sete tivesse sido escrita na 1a do plural, estaríamos diante de um, de um, de um... bem, de um filme do Almodóvar!

Sete, by Pedrito

Nós somos sete, sete nós somos
No profundo oceano, sete nós somos

Estamos vivendo entre o céu e a terra
Engendrados nas profundezas do mar

Não somos nem machos nem fêmeas
Não temos esposas, não podemos ter filhos
Não conhecemos a graça nem a piedade
Não escutamos orações nem escutamos as súplicas

Eu, o primeiro, sou o fúria dos ventos
Eu, o segundo, um dragão por sangue sedento

Somos seres incríveis, demônios perversos
Não conhecemos a graça nem a piedade

Eu, o terceiro, sou um grande leopardo que se alimenta de crianças inocentes
Eu, o quarto, sou uma besta furiosa
Eu, o quinto, uma terrível serpente
Eu, o sexto, sou o arauto da pestilência
E eu, o sétimo, um adorno, figura indecente

Somos sete deuses da força, da opressão
Sete no céu, sete na terra
De nós sete sempre temam a ameaça ao Deus e ao Rei

quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

Harppia Sete: entre o engajamento e a metafísica

Poucos artistas tentaram, numa mesma obra, unir duas das mais importantes temáticas da arte: o sujeito em sua relação com o mundo que o cerca, material; e o sujeito em sua relação com o mundo invisível, transcendente. Sete, álbum lançado pelo Harppia em 1987 é um desses raros exemplos de obra que sai vitoriosa de tal portentoso intento.

O álbum abre com a música Na calada da noite. Na letra, o eu lírico começa a fornecer pistas de que estamos adentrando um mundo de mistério, cheio de neblina e de onde é difícil voltar. Começa o embate entre o concreto e o invisível, o material e o transcendente. Surge, então, a pergunta que aponta para o estado de espírito que o guiará no decorrer de toda a obra:

Por que nós não podemos crer?
Por que nós não podemos fazer?

Entre o crer - a metafísica - e o fazer - o engajamento - o álbum prossegue com a canção Voz da consciência. Nesta canção, o autor conclama a humanidade, a quem como um verdadeiro Victor Hugo chama de irmãos, a uma completa reforma social:

As pessoas têm que entender,
Um dia tem que dar pra no outro receber.

Mais adiante, nesta mesma canção, com impressionante desenvoltura, o eu poético, de repente, se coloca no lugar da própria consciência da coletividade:

Quem voz fala é a sua consciência
Que de tão pesada, dá até dormência

Note- se que ao rimar os termos “consciência” e “dormência” o poeta mostra, além da extrema ousadia na escolha do tema e na posição tomada diante do objeto, possuir grande apreço pelos detalhes formais, afinal, rimar duas palavras com as terminações “ência” requer profundo conhecimento dos recursos estilísticos da sonoridade da língua portuguesa.

Após o auge de sua compaixão pelos desvalidos, exaurido em sua pregação engajada, ele volta a ser tomado por reflexões metafísicas, Magia Negra, a canção que vem depois de Voz da consciência, discorre a respeito de uma sinistra relação entre um homem e entidades malévolas. Observemos que o poeta, mesmo tomado pelo desespero de saber que tais entidades querem matá-lo, não deixa de ignorar a realidade material:

Agora não me resta nada, só desespero
De querer subir na vida a qualquer preço

Para alguém que sabe que está para ser assassinado por entidades do além, a ambição de subir na vida exprime uma profunda fé no futuro.

Misteriosamente, após esta maravilhosa decisão, ele volta os olhos para o cotidiano, o trivial. Em Balada, tudo o que o até então atormentado menestrel deseja é dizer que há muita coisa para ver, bastando apenas ao seu ouvinte ideal olhar e reparar.

De volta ao pólo do engajamento, Guerras traz um impressionante libelo pacifista com versos tão contundentes quanto os de Imagine, de John Lennon. Leiamos:

Qualquer um que seja lúcido
Deveria enxergar
Indo pra nenhum lugar
Para nunca mais voltar

Note o grau de sofisticação da escrita, que realmente exige muita lucidez para ser compreendida, afinal, se a pessoa vai a nenhum lugar, ela permanece no mesmo lugar, e se ela está no mesmo lugar e de lá nunca mais vai voltar, então ela permanecerá realmente no mesmo lugar de início, de onde jamais terá saído. Neste ponto, o Harppia se liga à tradição jazzística iniciada por John Coltrane e o conceito de ouvinte ativo, pois sabemos que um ouvinte passivo jamais seria capaz de compreender o verdadeiro sentido de tal preciosidade.

Neste, que é o ponto alto do disco, surge a música AIDS. Em tal canção, o letrista, como Ajax de Sófocles clama pelos deuses que não se manifestam, se dirige o tempo todo a um Doutor que jamais responde. O desespero do eu lírico, que se inicia com a busca de uma resposta “para toda esta bosta” vai gradualmente aumentando, a tensão dos versos é eletrizante, o escritor, demonstrando absoluto controle do foco narrativo, pula diligentemente do discurso direto para o enigmático discurso indireto-livre. E, como se não bastasse todas essa maestria formal, termina a canção de forma comovente com o grito enternecedor de “ Calma, Doutor”.

O desfecho da magnífica obra Sete não poderia ser mais grandioso: surge a música que dá nome ao álbum. Lembrando aquela famigerada frase, se não pode haver mais poesia depois de Awchvitz, não haverá certamente mais versos que façam qualquer sentido para a raça humana depois de Sete. Pavorosamente onipresentes, povoando céu, terra, água, mar, ar, oceano e casa da tia, as criaturas desfilam sua maldade levando o ouvinte a um estado de total pavor. Esperança, não para nós, diria Kafka, mas estamos diante de um escritor que vai mais longe e nos deixa um alerta: temam sempre, pois eles, os sete, ameaçam a Deus e ao rei.

Podemos concluir que, além de deixar claro seu posicionamento frente a temas atuais como Aids, desigualdade social e guerras e ao mesmo tempo debater-se em intensas experiências com o invisível, o eu lírico transita entre o engajamento e a metafísica com extrema desenvoltura. O disco deixa o convite à tomada de posição diante dos rumos da humanidade e da existência da transcendência e suas criaturas medonhas. Como William Blake e seu casamento entre céu e inferno, Harppia realiza um casamento estético sem igual entre a terra e o inferno, o prosaico e o demoníaco.

Se, como quer o autor de Mimesis, o propósito é sempre escrever a história, eis um disco que vai fundo no propósito. Não há nada na música moderna que tenha escrito a história tanto quanto Sete.

BIBLIOGRAFIA

AUERBACH, Erich. Mimesis. São Paulo: Perspectiva, 1998.
BLOOM, Harold. Complete poetry and prose of William Blake. California: California Universit, 1982.
GIL! Eles são sete: uma análise crítica com abordagem objetiva da sagacidade utilizada na composição. São Paulo: 2007. http://elessaoseteseteelessao.blogspot.com
KAFKA, Franz. Lettre au père. Paris: Folio, 2007.
KHAN, Ashley. A Love Supreme: a criação do álbum clássico. São Paulo: Barracuda, 2007.
SOPHOCLES. Ajax. In.: Théatre Complet. Paris: Flammarion, 1964.

segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

Eles são sete - uma análise crítica com abordagem objetiva da sagacidade utilizada na composição.


Sete
Eles são sete
Sete eles são


Nesses primeiros versos o autor expressa de forma clara quantos são eles: "Eles são sete". Reparem a preocupação do poeta em enfatizar que eles não são nem seis nem oito e sim SETE.


No profundo Oceano
Sete eles são


Aqui o autor procura mostrar através de uma metáfora que pode passar desapercebida para os menos atentos que eles vivem na escuridão: "no profundo oceano" ao mesmo tempo em que aproveita para reafirmar sua quantidade: "sete eles são".


Estão vivendo entre o Céu e a Terra
Engendrados nas profundezas do Mar


Novamente o poeta usa uma singela metáfora para ratificar que eles vivem nas trevas: "engendrados nas profundezas do mar" mas agora ele introduz um elemento paradoxal ao afirmar que "estão vivendo entre o céu e a terra". Claramente o autor pretende mostrar o quão ardilosos eles são e tudo que podem fazer para alcançar seus objetivos.


Não são nem Machos
Nem Fêmeas
Não tem Esposas
Não podem ter Filhos
Não conhecem a Graça
Nem a Piedade
Não escutam Orações
Nem escutam as Súplicas


Agora o escritor aproveita para descrever melhor seus personagens. Nesse ponto é traçado o perfil pscicológico e físico e fica claro quem são eles. Não há metáforas ou meias palavras aqui.


De sete o primeiro é o fúria dos Ventos
E o segundo um Dragão
Por Sangue sedento
São Seres incríveis
Demônios perversos
Não conhecem a Graça
Nem a Piedade


Aqui começa o desfecho da história onde finalmente o poeta revela em toda sua força quem são eles e quais são seus terríveis atributos, capazes de fazer o mais corajoso dos homens suar frio e temer pela própria vida.
O "Fúria dos ventos", figura mitológica capaz de derrubar cidades inteiras e o "Dragão vampiro" são dois dos mais ameaçadores seres que já assombraram a raça humana. O poeta ainda relembra que eles ainda não foram apresentados à Graça nem tampouco à Piedade.


O terceiro é um grande Leopardo
Que se alimenta de crianças inocentes
O quarto é uma Besta furiosa
O quinto é uma terrível Serpente
O sexto é o arauto da pestilência
E o sétimo adorno figura indecente


Continua a revelação das identidades e poderes especiais que fazem eles serem temidos por todo o planeta. Vejam a força da imagem utilizada nesse momento, com o leopardo que se alimenta de crianças inocentes! O autor evoca lendas como o bicho-papão, a cuca e outros que povoaram os piores pesadelos de todos quando eram crianças. A Besta furiosa e a terrível serpente sequer precisam da descrição de seus atributos, assim como o arauto da pestilência. Seus nomes já bastam para aterrorizar a mais cética das criaturas.
Por fim o sétimo: "a figura indecente". Quem já ouviu a lenda dos passarálhos sabe do que o autor está falando.


Sete Deuses da força
Da opressão
Sete no céu
Sete na Terra
Dos sete sempre eu temerei
Da ameaça a Deus e ao Rei


E a conclusão genial dessa bela letra. Em um novo paradoxo o poeta mostra que na verdade não existe nada que seja apenas bom ou mau. Os sete agora são apresentados como Deuses, o que é reforçado pela idéia que há sete deles no céu. Ao mesmo tempo o escritor lembra que também há sete deles na Terra e esses devem sempre ser temidos pois ameaçam ao próprio Deus e ao Rei.
Uma bela canção que se utiliza dos mais variados recursos lingüísticos para atingir seu objetivo de aterrorizar a princípio e depois convidar o ouvinte à uma profunda reflexão sobre os mistérios dos céus e da terra.

domingo, 13 de janeiro de 2008

Eles são 14, 14 eles são

Se são 7 no céu e 7 na terra, como está no final da letra, então, na verdade, eles são 14. Vejamos como a letra poderia continuar:

Sete no céu
Sete na terra
Então são 14, 14 eles são
Onde eles estão, onde eles estão?

Dos 14, o oitavo não tem perdão
E o nono a esta hora já pediu demissão
O décimo não sabe onde colocou o calção
O décimo primeiro é o próprio cramulhão

O décimo segundo é uma unha encravada
que dói quando você sobe uma escada
E o décimo terceiro queria ser o primeiro
O décimo quarto é uma coisa bem feia
Não sei nem dizer, mas é muito muito feia

14 no céu, 14 na terra
São 28, 28 eles são!

sábado, 12 de janeiro de 2008

Salém (A cidade das bruxas)

Outra letraça:


Salem (A Cidade das Bruxas)
Meados de 1692
Trinta e quatro pessoas são executadas
A acusação: feitiçaria
Cidade: Salém

Gatos, ratos, corvos e morcegos
bancam os guardiães
Enquanto inflama o tacho do Sortilégio
A magia negra corre à solta essa noite
O que nessa cidade não é nenhum sacrilégio

Alto lá guerreiros eternos
Que o mestre vos aguarda
Permaneçam pois fiéis
Que de vós será o inferno

Feitiços e pragas ardem no meio da noite
Fazendo da escuridão um presságio aflito
Mentes humanas oram e proclamam
Satã, nosso Rei, venha a nós ó maldito

Salém, a Cidade das Bruxas
Salém, os domínios do inferno
Salém, a Cidade das Bruxas
Salém, onde o Mal é eterno

Uma carga de agouros paira sobre a cidade
Que para provar sua força malévola
Chega a desafiar a própria Trindade
Arrastando consigo legiões de demônios

Alto lá guerreiros eternos
Que o mestre vos aguarda
Permaneçam pois fiéis
Que de vós será o inferno

Tire você mesmo a sua própria conclusão
Antes que lhe lancem o feitiço
Que o transformará de corpo e alma
Em mais um discípulo submisso

Salém, a Cidade das Bruxas
Salém, os domínios do inferno
Salém, a Cidade das Bruxas
Salém, onde o Mal é eterno