segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

Eles são sete - uma análise crítica com abordagem objetiva da sagacidade utilizada na composição.


Sete
Eles são sete
Sete eles são


Nesses primeiros versos o autor expressa de forma clara quantos são eles: "Eles são sete". Reparem a preocupação do poeta em enfatizar que eles não são nem seis nem oito e sim SETE.


No profundo Oceano
Sete eles são


Aqui o autor procura mostrar através de uma metáfora que pode passar desapercebida para os menos atentos que eles vivem na escuridão: "no profundo oceano" ao mesmo tempo em que aproveita para reafirmar sua quantidade: "sete eles são".


Estão vivendo entre o Céu e a Terra
Engendrados nas profundezas do Mar


Novamente o poeta usa uma singela metáfora para ratificar que eles vivem nas trevas: "engendrados nas profundezas do mar" mas agora ele introduz um elemento paradoxal ao afirmar que "estão vivendo entre o céu e a terra". Claramente o autor pretende mostrar o quão ardilosos eles são e tudo que podem fazer para alcançar seus objetivos.


Não são nem Machos
Nem Fêmeas
Não tem Esposas
Não podem ter Filhos
Não conhecem a Graça
Nem a Piedade
Não escutam Orações
Nem escutam as Súplicas


Agora o escritor aproveita para descrever melhor seus personagens. Nesse ponto é traçado o perfil pscicológico e físico e fica claro quem são eles. Não há metáforas ou meias palavras aqui.


De sete o primeiro é o fúria dos Ventos
E o segundo um Dragão
Por Sangue sedento
São Seres incríveis
Demônios perversos
Não conhecem a Graça
Nem a Piedade


Aqui começa o desfecho da história onde finalmente o poeta revela em toda sua força quem são eles e quais são seus terríveis atributos, capazes de fazer o mais corajoso dos homens suar frio e temer pela própria vida.
O "Fúria dos ventos", figura mitológica capaz de derrubar cidades inteiras e o "Dragão vampiro" são dois dos mais ameaçadores seres que já assombraram a raça humana. O poeta ainda relembra que eles ainda não foram apresentados à Graça nem tampouco à Piedade.


O terceiro é um grande Leopardo
Que se alimenta de crianças inocentes
O quarto é uma Besta furiosa
O quinto é uma terrível Serpente
O sexto é o arauto da pestilência
E o sétimo adorno figura indecente


Continua a revelação das identidades e poderes especiais que fazem eles serem temidos por todo o planeta. Vejam a força da imagem utilizada nesse momento, com o leopardo que se alimenta de crianças inocentes! O autor evoca lendas como o bicho-papão, a cuca e outros que povoaram os piores pesadelos de todos quando eram crianças. A Besta furiosa e a terrível serpente sequer precisam da descrição de seus atributos, assim como o arauto da pestilência. Seus nomes já bastam para aterrorizar a mais cética das criaturas.
Por fim o sétimo: "a figura indecente". Quem já ouviu a lenda dos passarálhos sabe do que o autor está falando.


Sete Deuses da força
Da opressão
Sete no céu
Sete na Terra
Dos sete sempre eu temerei
Da ameaça a Deus e ao Rei


E a conclusão genial dessa bela letra. Em um novo paradoxo o poeta mostra que na verdade não existe nada que seja apenas bom ou mau. Os sete agora são apresentados como Deuses, o que é reforçado pela idéia que há sete deles no céu. Ao mesmo tempo o escritor lembra que também há sete deles na Terra e esses devem sempre ser temidos pois ameaçam ao próprio Deus e ao Rei.
Uma bela canção que se utiliza dos mais variados recursos lingüísticos para atingir seu objetivo de aterrorizar a princípio e depois convidar o ouvinte à uma profunda reflexão sobre os mistérios dos céus e da terra.